Agricultores de diversas comunidades rurais e
assentamentos de Mossoró e região se reuniram na terça-feira (30) em frente à
agência do Banco do Nordeste para expor o descontentamento em face do tratamento
dispensado pelos Governo Federal e Governo Estadual do RN com relação às ações
para minimizar os efeitos da seca, as quais não correspondem às necessidades dos
agricultores. Enquanto estiveram no local, os agricultores não permitiam a
entrada ou saída das pessoas, chamando inclusive a atenção da força
policial.
“Essa ocupação é passiva, só queremos que
alguém nos receba e nos dê uma definição, para que possa ser feito alguma coisa
pelos agricultores que estão sofrendo com a estiagem”, explicou o presidente do
Sindicato da Lavoura, Francisco Gomes.
De acordo com o presidente do Sindicato, alguns
agricultores deram entrada no pedido do crédito desde abril deste ano. “A
propaganda é muito bonita, mas a realidade é bem diferente. Para nós os créditos
emergenciais estão apenas no nome, pois os agricultores continuam sofrendo”,
continuou.
A agricultora Maria Gomes de Brito, que é a
primeira mulher assentada do Rio Grande do Norte, mora no assentamento Sítio
Hipólito e disse que vive uma realidade muito difícil, assim como todos de lá.
“Os bichos estão morrendo de fome, e os agricultores ficam pra lá e pra cá
procurando ajuda para salvar os animais, que são o que nos resta”,
reclamou.
Maria Gomes disse que a única solução é que
essas providências saiam do papel. “Não está tendo plano emergencial nenhum. Os
agricultores estão tentando se virar arrumando emprego nos projetos de
irrigação, vivendo do pouco da aposentadoria ou bolsa família. Desanimar é que
não pode. Mas o que o governo tem que fazer é mandar os secretários às
comunidades para ouvir os agricultores, porque quando estava em época de eleição
todo dia aparecia gente, agora ninguém vem”, continuou.
Manoel Alves dos Santos veio de Baraúna para o
protesto. “Se acham que a situação em Mossoró está difícil, em Baraúna está
pior. Nenhum canto tem a situação de lá, com os animais mortos nas estradas e
ninguém faz nada para nos ajudar. O gado está morrendo e o povo está cortando
macambira para ver se escapa o gado”, disse.
ACORDO - Após o protesto, os agricultores
participaram de uma reunião com o presidente-geral do banco, o presidente do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF),
cooperativas e o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do
Estado do Rio Grande do Norte (FETARN).
Segundo o presidente do Sindicato da Lavoura,
Francisco Gomes, a reunião culminou com o fechamento de um acordo, através do
qual, a partir de hoje, os projetos mais simples serão desburocratizados. Além
disso, semanalmente, as partes envolvidas no acordo irão se reunir para fazer
análises dos projetos.
O gerente do Pronaf, Humberto de Araújo, diz
que o banco não está de posse de todas as propostas dos trabalhadores. Ele
acrescenta que o banco se comprometeu em contratar todas as propostas que forem
enviadas, desde que não haja pendências. Outro compromisso firmado foi o de
redução no tempo das negociações. Além disso, o banco se comprometeu ainda em
aumentar o número de analistas para analisar as propostas que chegam.
“Houve entendimento sim”, afirma Humberto
Araújo, acrescentando que o banco está aberto para negociar com os trabalhadores
e tirar suas dúvidas.
De acordo com Francisco Gomes, caso o acordo
não seja cumprido, os agricultores retornarão ao banco e os trabalhadores só
negociarão com a superintendência do banco.
Fonte: Gazeta do Oeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários serão avaliados antes de serem liberados