terça-feira, 20 de novembro de 2012

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Diz o senso comum que pessoas que criaram coisas tão complexas como os smartphones, as espaçonaves e o GPS têm uma inteligência elevada, que não pode ser comparada à dos nossos primitivos ancestrais das cavernas. Mas não é o que pensa Gerald Cabtree, cientista que lidera um laboratório de genética na universidade de Stanford, na Califórnia. Para ele, a inteligência humana atingiu seu ápice milhares de anos atrás, e vem diminuindo desde então.

Cabtree explica sua polêmica teoria num artigo intitulado “Nosso frágil intelecto” na publicação científica Trends in Genetics (Tendências em Genética). Para ele, o problema é que a sobrevivência se tornou fácil demais. É uma situação muito diferente da que havia no tempo das cavernas, quando a seleção natural era implacável com os que falhavam.
Quando um humano pré-histórico não encontrava uma maneira de escapar de uma fera ameaçadora ou de um guerreiro de uma tribo inimiga, ele era morto. Quando não era capaz de caçar ou encontrar alimentos, ele e seus filhos morriam de fome. Só os mais inteligentes sobreviviam e geravam descendentes. Assim, a inteligência se desenvolveu.
“O desenvolvimento de nossas habilidades intelectuais e a otimização de milhares de genes ligados à inteligência provavelmente ocorreram em grupos dispersos, sem muito domínio da linguagem, antes de nossos ancestrais emergirem da África”, diz Crabtree num comunicado à imprensa. No entanto, segundo seus estudos, aqueles milhares de genes que determinam a inteligência são relativamente frágeis e sofrem mutações com o passar do tempo.
Na época das cavernas, só os mutantes mais aptos sobreviviam, aprimorando a espécie. Hoje, não é mais assim. “Com o desenvolvimento da agricultura, veio a urbanização, que pode ter enfraquecido o poder da seleção natural de peneirar as mutações que trazem deficiência intelectual”, diz. Sua conclusão é que esse processo, agindo nos últimos 3 mil anos, vem erodindo lentamente nossas habilidades intelectuais e emocionais.
A teoria de Crabtree é contestada por outros cientistas, que veem nela apenas uma hipótese não comprovada. Para eles, faltam evidências de que isso está mesmo acontecendo. “A hipótese não importa muito. Quero ver os dados. E não há nenhum”, diz Steve Jones, geneticista do University College London, numa entrevista ao jornal britânico The Independent.
Crabtree diz que a perda de inteligência não é motivo para preocupação. Para ele, o avanço tecnológico deve trazer alguma solução para o problema. Conforme o conhecimento genético avança, essas mutações que reduzem a inteligência tendem a se tornar conhecidas.
“Talvez sejamos capazes de corrigir magicamente qualquer mutação que tenha ocorrido em todas as células de um organismo, em qualquer estágio de desenvolvimento. Assim, o processo brutal da seleção natural não será mais necessário”, conclui ele. 
Fonte: Exame

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