segunda-feira, 21 de julho de 2014

Produção de orgânicos transforma a realidade do semiárido potiguar

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Produtora Geisa Maria Nascimento se anima com o cultivo de hortaliças

Foto: Fred Veras
Na paisagem seca do Semiárido Nordestino, uma imagem, cada vez mais comum, chama a atenção. Faixas de terra circulares, onde o verde predomina, é o sinal de que já chegou ali a tecnologia social da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS). Mas além de atrair olhares, a cor inconfundível que brota da terra
em forma de hortaliças e leguminosas está transformando a vida de pequenos produtores rurais. A garantia de renda e melhoria na qualidade de vida obtidos por meio da produção de alimentos orgânicos apontam que o campo ainda é uma alternativa viável de oportunidade de negócios.
No Assentamento Lagoa de Xavier, a 25 quilômetros de Mossoró, a produção agroecológica, instalada no Estado por meio de parceria entre o Sebrae no Rio Grande do Norte e a Fundação Banco do Brasil, se tornou a principal fonte de renda para o produtor Francisco França. Apresentado ao projeto há cerca de sete anos, ele comemora os bons resultados e o crescimento da produção e do consumo de orgânicos na região.
“Lembro quando tudo começou. Era muito difícil tanto para mudar nossa mentalidade, de que a produção orgânica é interessante, como também porque a demanda ainda era muito pequena. Hoje estou mais do que satisfeito com o trabalho e com a renda que tenho”, comemora.
Na área de aproximadamente um hectare, onde cultiva hortaliças como rúcula, alface, cebolinha, coentro, couve folha, pimentão, tomate cereja, cebola, beterraba e repolho, ele também aposta em frutas como goiaba, mamão e banana. Segundo ele, o aumento na produção supera os 200%.
A maioria dos produtos é destinada à Feira Agroecológica de Mossoró, que acontece todos os sábados, no largo do Museu Municipal Lauro da Escóssia Rosado. Semanalmente França comercializa em média 15 quilos de tomate, 150 maços de coentro, 10 pacotes de cebola, além de outros produtos. O restante da produção é comercializado por meio de programas governamentais ligados à agricultura familiar.
“Eu não poderia estar mais feliz e orgulhoso, sabendo que estou oferecendo alimento de qualidade e ajudando a disseminar a cultura dos orgânicos, e ainda tendo uma renda mensal que cresce a cada mês”, atesta o produtor, que já trabalha com um auxiliar e pretende contratar outro para dividir as tarefas.
Orgulho feminino
Em outro extremo da área rural de Mossoró, no Assentamento Recanto da Esperança, a produtoraGeisa Maria do Nascimento é mais um exemplo de que o conhecimento transforma. Acostumada a lidar diariamente com as atividades domésticas, ela descobriu, por meio da produção orgânica, como ter fonte de renda no meio rural para ajudar no sustento da família. “Antes eu nem sabia o que era orgânico, e hoje em dia, quando estou no pico da produção, chego a ter uma renda de R$ 1.200 por mês só com a venda dos produtos na feirinha. Quando era que teria um salário desses aqui, no assentamento?”, questiona.
Geisa conta que ingressou no grupo de produtores de orgânicos há seis anos, e, desde então, esta a principal fonte de renda da família de quatro integrantes. Ela e o marido revezam nas tarefas com a terra. Desde o preparo da calda nutritiva à base de esterco para fertilizar o solo até a colheita dos produtos, sejam eles hortaliças, legumes, frutas, mel ou ovos de galinha caipira. “A gente divide as tarefas e garante bons resultados na colheita. Sou muito orgulhosa do que faço e cada dia procuro buscar mais conhecimento para crescer cada vez mais”, garante.
Em meio ao plantio dos mais diversos tipos de hortaliças também acontece uma outra etapa do processo. O viveiro de mudas instalado no terreno retrata o bom momento do negócio e é prova do ritmo contínuo de produção adotado na produção.
O cultivo de mudas é fruto de capacitações promovidas pelo Sebrae-RN desde o início do projeto e tem no esterco animal peneirado a principal fonte de nutrientes. Devido ao aumento na procura, semanalmente são produzidas quatro novas bandejas de mudas, de variados tipos de folhagens e leguminosas.
“Recebemos toda a orientação e colocamos em prática a cada dia, testando novos produtos, que variam de acordo com a época do ano. Durante todo esse tempo adquirimos muito conhecimento, mas quero aprender ainda mais”, garante o produtor.
De acordo com o consultor credenciado do Sebrae-RN, Roberto Brígido, o trabalho de orientação vai mais além. Para garantir uma produção eficiente, são realizadas capacitações em diversos âmbitos do negócio. Desde o manejo até a gestão do negócio. “A ideia é preparar os produtores para que, além de produzirem alimentos com qualidade, dentro dos padrões de segurança alimentar exigidos, eles possam ter noções de como gerir o negócio, que na maioria dos casos, é a única fonte de renda da família”, pontua. (Agência Sebrae RN)

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